terça-feira, janeiro 31

O Rei pintor


"O Sobreiro"
D. Carlos de Bragança, 1905 - Paço Ducal
Fundação da Casa de Bragança (Vila Viçosa)
D. Carlos I - um homem apaixonado pela vida e por Vila Viçosa, exímio atirador, caçador e pintor. Foi também um grande impulsionador da ciência em Portugal, sendo um dos primeiros a dedicar-se ao estudo da oceanografia em Portugal.
Queremos preservar as memórias de Vila Viçosa,
Contem-nos as estórias do vosso canto preferido da nossa Vila,
partilhem as vossas fotografias...
Colabora hoje mesmo!

quinta-feira, janeiro 26

Igreja dos Agostinhos - Panteão dos Duques de Bragança

A Igreja dos Agostinhos (ver peça mais completa em post anterior), que serve de Panteão dos Duques de Bragança, situa-se dentro da ampla praça conhecida como "Terreiro do Paço" em posição oposta ao Paço Ducal de Vila Viçosa e ligeiramente afastada lateralmente do Convento das Chagas - Panteão das Duquesas, os Duques dormiam separados das suas duquesas até após a morte.

O que parece estranho é que esta Igreja, a maior de Vila Viçosa em dimensão, encontra-se hoje em quase ruína, isto apesar de ela guardar no sono profundo os Duques de Bragança, ainda hoje os familiares mais próximos dos primeiros reis de Portugal.

Se os Duques de Bragança Restauraram Portugal, não estará na hora de Portugal retribuir?

Se Aqui se Restaurou Portugal, porque é que Portugal não retribui e Restaura agora alguma dignidade aos Duques de Bragança?

Será que não está o país reconhecido pelo serviços feitos? Será que queríamos ser Espanhóis?

Será que nos arrependemos que D. João IV tomasse o trono aos "Felipes", será?

quarta-feira, janeiro 25

Igrejas dos Agostinhos - Panteão Nacional dos Duques de Bragança

Convento de Santo Agostinho de Vila Viçosa, classificado Monumento Nacional, era pertencente à Ordem dos Eremitas Calçados deste Santo Bispo de África.

Casa religiosa fundada no reinado de D. Afonso III, foi beneficiada pelo rei D. Dinis, pelo condestável, D. Nuno Álvares Pereira e pelos Duques de Bragança. O duque D. Teodósio II pretendeu fundar no convento uma universidade, tendo para tal obtido breve do Papa Pio IV, anulado, no entanto, com a sua morte, em 1630, tendo, apesar disso, dado início, no convento, a um Museu de Arqueologia, onde foram reunidas lápides, escultura romana e peças recolhidas no templo de Proserpina e provenientes do templo do Endovélico, no Alandroal.
Mais tarde, houve, no convento, aulas públicas de latim e grego e, posteriormente, nele funcionou instrução primária.

Originalmente, foi o templo edificado orientado para ocidente.
No século XVII, após prolongada insistência dos Duques de Bragança, no reinado de D. João IV, foi alterada a fachada do edifício da igreja, voltando-o para o Terreiro do Paço, ficando a capela-mor e o cruzeiro da igreja destinados a panteão da Casa de Bragança.
As obras na igreja tiveram início em 1635. Em 1677, em tempos de regência de D. Pedro II, fez-se a transladação das ossadas dos Duques de Bragança para o panteão ducal na igreja deste Mosteiro de Santo Agostinho, sem que estivessem ainda concluídas na totalidade as obras de arquitectura. Com grande patrocínio régio foram as obras derradeiras efectuadas nos reinados de D. João V, D. José I e D. Maria I. O Mosteiro foi encerrado em 1834, tendo, por essa altura, entrado na posse da Casa de Bragança.

Teve uso militar até à 2ª metade do século XX, momento em que passou a estar ocupado pelo Seminário Menor da Diocese, tendo sido cedido, posteriormente, em definitivo, ao arcebispado eborense.
Templo de massa pesada e austera, edificado com amplo recurso à pedra mármore da região, desde as fundações às abóbadas, passando pela estrutura da fachada, e pelos seus pórticos e portais.

O cruzeiro do templo é obra grandiosa. Impressionante é o zimbório em volumosa caixa de planta octogonal. No adro do convento existe formoso cruzeiro marmóreo, que pertenceu ao Rossio de São Paulo, fronteiro à desaparecida ermida de S. Sebastião. A fachada do convento conserva a silhueta ancestral setecentista.

No interior da igreja, a nave, lançada em planta rectangular, de cruz latina e grandiosas mas severas proporções, repousa em abóbada de aresta e os braços cruzeiros rasgados em profundidade oferecem a magestade inerente à sua função sepulcral. Seis capelas decoram os corpos laterais da igreja, de arcos plenos interligados por pilastras aparelhadas, de mármore.

A realçar: retábulo do altar e forro azulejar da capela de S. Nicolau Tolentino, de feição barroca; retábulo barroco da capela de Santa Rita de Cássia; transepto imponente e em estilo barroco e seus altares laterais compósitos, com abundante emprego de mármores aparelhados; a capela-mor, de planta rectangular, austera mas revestida de magníficos materiais marmóreos da região, com o risco próprio de um panteão fúnebre; o retábulo do altar-mor em mármore e marmoreados neo-clássicos; o grandioso coro-alto, com aplicações de mármores; o claustro barroco, o refeitório manuelino e a sacristia renascentista do convento.

segunda-feira, janeiro 23

O Rei Músico - D. João IV

D. João IV (Vila Viçosa, 19 de Março 1604 – Lisboa 6 de Dezembro 1656) foi o vigésimo segundo Rei de Portugal, e o primeiro da quarta dinastia. João era filho de Teodósio II, 7.º Duque de Bragança e herdou o ducado 1630, como João II.

Por via paterna era trineto do rei Manuel I de Portugal, através da duquesa D. Catarina. Ficou para a história como O Restaurador (por haver sido restaurada a independência nacional) ou O Afortunado (por aparentemente, uma vez caída a coroa na sua cabeça, não ter querido reinar, e só se ter decidido após a intervenção da esposa).

Tal como a generalidade dos “Bragança”, terá sido um grande entusiasta das artes, a ele se atribui o facto de no século XVII ter existido em Vila Viçosa uma das maiores academias de Música de Portugal e da Europa.


É também defendido que terá sido o autor de um projecto de instalação de uma Universidade em Vila Viçosa, plano esse que abandonou aquando da sua coroação como Rei de Portugal e deslocação para Lisboa em 1640, época em que Vila Viçosa inicia o seu declínio após grande apogeu durante os séculos XVI e XVII.

A D, João IV se atribui igualmente a autoria de um dos hinos de Natal mais célebre em todo o mundo, “Adeste Fidelis” – D. João IV.

Adeste Fidelis
Laeti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte
Regem angelorum
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Cantet nunc io
Chorus angelorum
Cantet nunc aula caelestium
Gloria, gloriaIn excelsis Deo
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Ergo qui natus
Die hodiernaJesu, tibi sit gloria
Patris aeterni
Verbum caro factus
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

sexta-feira, janeiro 20

Sugestão de fim-de-semana


Não poderia deixar de ser...

Um bom artigo, para quem não conhece e mesmo para quem conhece...


Visite ou re-visite - descubra Vila Viçosa, descubra Portugal...

De certo que não se arrependerá!


http://rotas.xl.pt/0504/500.shtml



quarta-feira, janeiro 18

Esperando o Sucesso - Henrique Pousão


Esperando o Sucesso 1882,
óleo sobre tela 131,5 x 83,5 cm
Museu Nacional de Soares dos Reis Porto, Portugal

Os quadros de Henrique Pousão até poderão estar no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, ao invés de estarem na sua terra Natal e fatal, no entanto, em espirito estarão sempre em Vila Viçosa. Aqui ficam no museu virtual de Vila Viçosa, à espera que um dia exista um verdadeiro museu de arte digno desse nome em Vila Viçosa.

Afinal de contas não é de isso que estamos todos à espera?

Henrique Pousão


Paisagem - St. Sauves 1881,
óleo sobre tela 46 x 65,5 cm
Museu Nacional de Soares dos Reis Porto, Portugal

segunda-feira, janeiro 16















"Languidez"


Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de portugal, as tardes de Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

Florbela Espanca

Igreja de São Bartolomeu ou do Colégio

Foto de Pedro Prata em www.escritacomluz.com

O Caracena

Desde há longo tempo que assim é chamado por homenagem a uma figura que pelo lado negativo fez o seu nome associar-se a Vila Viçosa.

Estou a falar do Caracena ou Carracena, um dos sinos que se encontra num dos campanários de seis sinos da Igreja de São Bartolomeu.

O Caracena era um sino que serviu o relógio público da Torre de Menagem do Castelo ( que hoje já não existe) e que nas guerras da Restauração foi fortemente danificado pelas tropas do general espanhol daquele nome.


Nota Histórica - Em junho de 1664, as forças do general espanhol Carracena, que estavam a cercar Vila Viçosa, de onde seguiram para a célebre batalha de Montes Claros, uma das últimas da Guerra da Restauração.

E-mail : calipole@aeiou.pt

A todos aqueles que queiram contribuir para este espaço, fotos, histórias, criticas ou sugestões, aceitamos tudo!

Colaborem!

calipole@aeiou.pt

A recomendação de quem já visitou a Calipole

texto de http://actosirreflectidos.blogspot.com

Roteiro Recomendado - Vila Viçosa
No passado fim de semana alongado, lá fui eu à descoberta de algo que não via há muitos e muitos anos.A zona de Vila Viçosa, a qual é recheada de monumentos, marcos e lugares históricos ímpares na História de Portugal.
É o caso do Palácio Ducal de Vila Viçosa que encerra dentro de si, em conjunto com o da Pena e o de Queluz, o legado histórico dos Duques de Bragança, sendo a forma viva como antes se vivia naquelas imensas salas.Salas estas decoradas com todo o tipo de objectos de arte, móveis de fino recorte, louças, artefactos ou utensílios, para além de valiosas coleções de quadros de vários pintores famosos, esculturas e tapeçarias.Anote-se na obra de arte que o rei D. Carlos I deixou em matéria de paisagens pintadas.De registar que em diversos anexos ao Palácio estão 73 coches, berlindas e vários meios de transporte da realeza e do clero do tempo da disnatia de Bragança, incluindo a carruagem que transportava D. Carlos I aquando do regicídio com dois buracos de balas.Ao lado em frente do palácio podemos vistar o Panteão dos Duques e o Panteão das Duquesas, separadas depois da morte, pois então, tal como em vida tinham quartos separados.Além do Palácio, há a referir com especial destaque a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, imagem esta que foi coroada pela Raínha D. Luísa de Gusmão e desde então, nunca mais raínha alguma usou coroa.
O alojamento é meio complicado em Vila Viçosa, porque com excepção da excelente Pousada D. João IV, não vi mais que possa atrair alguém. Existem sempre alternativas muito perto, como sejam Estremoz e Elvas.
Todavia, os recheios históricos da região não se esgotam no Palácio ou nos Duques de Bragança, dado que foi ali muito perto que se deu a Batalha de Montes Claros e nos livrámos dos espanhóis, até hoje.
Atractivos não faltam, icluíndo o conjunto de fortificações das Linhas de Elvas e, em especial, o castelo de Évora-Monte onde se deu a Convenção do mesmo nome que pôs termo à luta entre liberais e miguelistas.
Por fim, há que referir o simbolismo literário espelhado no facto de ser a terra de nascimento de Florbela Espanca, estranhando-se que a autarquia local tenha ao abandono a casa onde ela viveu e certamente muito escreveu.

Vila Viçosa - Calipole - Princess of Alentejo




Vila Viçosa has always been rightly considered a jewel in the treasure chest of Alentejo, so it is hardly surprising to find that it has often been included in royal dowries and endowments.

Dona Brites, the wife of King Afonso IV, was the first to receive it as a wedding present, followed by Leonor Teles, King Fernando's lover who was hated by the people of Lisbon, and was later presented to Nuno Álvares Pereira, the heroic general of King João I.

There is much natural and man made beauty in town, which covers an area of less than 200 square km. It is easy to reach the conclusion that the natural beauty inspired men to continue to be creative, as the town's rich cultural heritage would not have been enlarged and improved as it has been over the centuries.

In today's industrial age, nature is still the driving force behind the production of the beautiful pieces of ornamental stone, besides the marble which has long been the mainstay of the local economy.

Vila Viçosa will satisfy the demands of the most refined visitor. Historical episodes abound in the churches, convents and palaces, while wild boar and deer run free in the royal hunting grounds "Tapada Real". As you can no doubt guess, the traditional cuisine of the Alentejo reaches its high point here, with special emphasis on cakes and desserts, above all "Tibornas".

The Ducal Palace (picture above) - This was the former residence of the Dukes of Braganza from the beginning of the 16th century and was commenced in 1501-1502 (the north wing) and completed in the 18th century. The main façade is completely covered with local marble and takes Italian Renaissance architecture as its inspiration.

The building has three floors and each one, from the ground floor to the last, corresponds to one of the classical orders: Doric, Ionic, and Corinthian.

Within the fifty rooms open to the public are housed precious private art collections and extremely rare books which originally belonged to King Manuel II, Portugal's last reigning monarch.

The art collection includes paintings by the best Portuguese artists of last century, Flemish and French tapestries, frescoes on walls and ceilings, furniture, porcelain from the Far East, Portugal, Italy and other countries, old armor including some very rare pieces made in the Far East, Portugal, Germany, France, etc.

In the Library, which houses over 50,000 volumes and has a public reading room, there is a reserved collection of old Portuguese printed books (15th and 16th century), amongst which are to be found first editions of Os Lusíadas (1572), Comentários ao Pentateuco (1489), Vita Christi (1495), Almanaque de Abrado Zacuto (1496), Livro de Marco Paulo (1502), Tratado da Esfera by Pedro Nunes (1537), etc.


Palace square - This open and airy square, with a total area of about sixteen thousand square meters is one of the most beautiful ones in the country. It is situated at the entrance of this noble and aristocratic town, when entering from Borba, Estremoza and the border town of Elvas. To its right are the Royal Chapel and the Palace gardens.

All this is waiting for You, at Vila Viçosa - Alentejo - Portugal!

segunda-feira, janeiro 9

Bento de Jesus Caraça (Vila Viçosa, 1901; Lisboa, 1948)

Henrique Pousão

Ainda sobre este pintor calipolense, quem souber mais sobre este pintor calipolense, que deixe aqui a sua contribuição.


Henrique Pousão ingressa na academia de Belas Artes do Porto em Outubro de 1872 com 14 anos.
É aluno dedicado durante toda a sua fase de aprendisagem. A obra que apresenta a exame final da área de pintura histórica,
Daphnis e Chloé,

avaliada com nota distinta, reflecte com rigor a estética clássica, alinhada com a necessidade de comprovar a técnica exigida na academia.

1881 é o ano da admissão à Escola Nacional de Belas Artes de Paris, fruto da escolha elaborada pela Academia de Lisboa, em detrimento de António Ramalho.


Interrompida a vida, aos 25 anos, interrompe-se a obra de um pintor que poderia ter sido um dos maiores se não o maior representante da pintura naturalista e pré impressionista do nosso pais.
Não tendo tempo para se desligar da vida académica, deixou-nos algumas "lições" geniais e na fase terminal da sua vida, através das suas paisagens, mostra o início de um caminho que coloca no nosso imaginario a duvida sobre qual seria o final desta história, caso o destino não nos tivesse levado Henrique Pousão tão cedo desta vida.

sexta-feira, janeiro 6

Henrique Pousão - Cecilia 1882 (23 anos)


Autor: Henrique Pousão (1859 - 1884)
Século: XIXAno: 1882
Tipo: óleo sobre tela
Dimensões: 82 x 57,5 cm
Local: Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto)

quinta-feira, janeiro 5

Bento de Jesus Caraça (Vila Viçosa, 1901; Lisboa, 1948)

Bento de Jesus Caraça nasceu a 18 de Abril de 1901, na Rua dos Fidalgos, em Vila Viçosa, numa modesta dependência do Convento das Chagas, onde se alojavam alguns criados da casa de Bragança. Era filho de trabalhadores rurais: João António Caraça e Domingas da Conceição Espadinha.

Viveu os primeiros cinco anos da sua vida na “herdade da Casa Branca”, na freguesia de Montoito, onde aprendeu a ler e escrever com um trabalhador, José Percheiro.
A extraordinária rapidez com que aprendia impressionou a esposa de Raul de Albuquerque (de quem o pai de Bento era feitor), que decidiu tomar a seu cargo a educação do jovem.
Tendo concluído com distinção o exame de instrução primária em 1911, em Vila Viçosa, fez o curso liceal nos liceus de Santarém e de Pedro Nunes, em Lisboa, que terminou em 1918, ano em que ingressou no Instituto Superior do Comércio, posteriormente designado Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras(I.S.C.E.F.), actual Instituto Superior de Economia e Gestão.

No 2º ano deste Instituto( 1 de Novembro de 1919) foi nomeado 2º assistente do 1º grupo de cadeiras, pelo professor Mira Fernandes.
Licenciou-se com altas classificações em 1923.

Em 13 de Dezembro de 1924 é nomeado 1º assistente, em 14 de Outubro de 1927 professor extraordinário e em 28 de Dezembro de 1929 professor catedrático da 1ª cadeira (Matemáticas Superiores- Álgebra Superior. Princípios de Análise Infinitesimal. Geometria Analítica).
Integrou o Conselho Administrativo da Universidade Popular Portuguesa desde a sua fundação, em 1919, quando era ainda estudante universitário, tendo assumido a sua presidência em Dezembro de 1928, encetando a sua reactivação . Reorganiza a biblioteca, cria um conselho pedagógico e prepara-se para organizar um cooperativa de cinema educativo. Realiza ali uma conferência sobre “Comércio e Finanças”, em 1927 ou 1928,um “Curso de Iniciação Matemática”, de 1931 a 1933, diversas conferências e palestras sobre os mais variados temas, de que se destacam: “Galileo Galilei, Valor científico e valor moral da sua obra “(1933), “A Arte e a Cultura Popular”(1936) , “Rabindranath Tagore”(1939) e diversas outras . No âmbito da mesma actividade de esclarecimento cultural dá aulas em cursos de aperfeiçoamento no sindicato do Arsenal da Marinha no princípio dos anos 30, profere a célebre conferência sobre “A Cultura Integral do Indivíduo- Problema central do nosso tempo”, na União Cultural “Mocidade Livre”(1933) e sobre a “Escola Única”, na Sociedade de Estudos Pedagógicos(1935).
Em 1938 propôs, com os professores Mira Fernandes e Beirão da Veiga, ao Conselho Escolar do I.S.C.E.F. a fundação do Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, de que foi director até Outubro de 1946,ano da sua extinção por decisão ministerial.
Em 1940 fundou, com os professores António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar, a “Gazeta da Matemática”.

Em 1941 fundou a “Biblioteca Cosmos”, de que foi o único director. Esta verdadeira “enciclopédia do saber”, pioneira mesmo a nível da Europa, publicou 114 títulos, com uma tiragem global de 793.500 exemplares(tiragem média por livro:6960 volumes). Nela publicou Bento Caraça o seu notável livro “Conceitos Fundamentais da Matemática” que revolucionou a abordagem da história da Matemática focada dum ponto de vista interdisciplinar e dialéctico.
Foi eleito Presidente da Direcção da Sociedade Portuguesa de Matemática para o biénio de 1943-44 e Delegado da Sociedade aos Congressos da Associação Luso-Espanhola para o Progresso das Ciências, de 1942 a 1944 e de 1946 a 1948.
A subida do fascismo ao poder leva Bento Caraça a intensificar a sua actividade política quer a nível clandestino como militante comunista, quer a nível legal e semi-legal : participa activamente na Liga Portuguesa contra a Guerra e o Fascismo e no Socorro Vermelho Internacional; mais tarde participa na fundação do MUNAF, em 1943, e do MUD, em 1945.
Constantemente perseguido, nunca abdicou dos seus ideais. Acabou por ser preso pela PIDE e, posteriormente, demitido do seu lugar de professor catedrático do I.S.C.E.F., em Outubro de 1946.
Publicou diversas obras e numerosos artigos sobre Matemática, de que se destacam “Interpolação e Integração Numérica”(1930-32), “ Lições de Álgebra e Análise”, em 2 volumes( 1935-1940), “Cálculo Vectorial” (1937).
Colaborou na “Revista do Instituto Superior de Comércio”, “Revista da Economia”, “Técnica”, “Seara Nova”, “Vértice”, no quinzenário “O Globo”, que fundou juntamente com Rodrigues Migueis; e nos semanários “O Diabo” e “A Liberdade”.
Talentoso matemático e professor universitário, não só sabia criar nos alunos aplicação e gosto pelo estudo, como criar amigos com os quais permanentemente passava a conviver.
Resistente antifascista, lutador pela liberdade e a democracia, apontava como horizonte mais vasto profundas transformações sociais, uma sociedade sem exploradores nem explorados, uma sociedade socialista..
Homem de cultura, atacava o monopólio cultural das classes dominantes , apontava o caminho da criatividade e da fruição culturais pelo povo e sublinhava o consequente imperativo da solução dos graves problemas económicos das massas trabalhadoras. Deu uma importante contribuição para a democratização da cultura. Apontando o valor e o papel do indivíduo, inseria a sua actividade em realizações colectivas.
Homem de profundas convicções, reflectia e incitava os outros a reflectirem, respeitava as opiniões diferentes, era sereno na controvérsia. E porque confiava no futuro, acreditava na juventude, convivia com os jovens, que com ele conversavam e passeavam. E nem ele nem os os jovens sentiam as diferenças da idade.
Morreu em Lisboa, a 25 de Junho de 1948, com apenas 47 anos de idade. O seu funeral transformou-se numa impressionante manifestação de pesar e de homenagem sentida a um dos maiores vultos da intelectualidade portuguesa que jamais traiu a sua humilde e honrada condição de classe.